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sábado, 14 de junho de 2008

Ritos de Passagem

Um novo emprego, uma nova graduação, novas escolhas. Neste momento começo de novo e começar de novo não é o mesmo que começar outra vez. Começar outra vez é repetição, começar de novo tem caráter de novidade, uma nova fase vem se colocar quando o desfecho preenche a primeira situação.

Por experiência adquirida percebemos que as coisas passam com tempo, tudo passa, mas tudo não volta para o mesmo lugar, e este não voltar para o mesmo lugar é uma oportunidade para começar de novo e não meramente outra vez. Com isso, carregamos lembranças boas ou não das coisas, das pessoas ou de vivências que tivemos.
Poder resgatar a experiência do que foi vivido, sem esvaziar o passado, nos torna mais capazes de ouvir quando o outro fala. Mesmo que esta fala seja a morte de uma paixão, a troca de um emprego, uma desilusão. Aquilo que no desfecho se dá, ainda que seja o abandono, é a oportunidade de compreensão de alguma coisa que, de fato, se deu. A aceitação da incompreensão é essencial para superarmos esse desenvolvimento constante que é a nossa questão existencial. Ilusão, finalidade e desfecho estão profundamente ligados, e a eliminação de um altera o outro. Uma ilusão precisa de um desfecho, quando uma ilusão se "des-fecha" ela ilumina a realidade.

Essa preocupação em encontrar utilidade para as coisas, para as pessoas, essa racionalização de comportamentos - nossos ou não, essa tendência à interpretação da vida não cabe no existir humano, o existir é a fala do que se mostra, o ser humano é falta, vazio, culpa, buraco, fragilidade, ausência, nada, rasgo, doença, dor, sofrimento, incomodo e transição.
Tielli Lopes

3 comentários:

Unknown disse...

Toda constante é passível de mudança,né, Pretty Eyes?
Muito bom o texto, mostra a sua evolução.
Continue sempre assim!
Beijos.

Silvia Caroba disse...

Oie! Bacana seu texto!!!
Ja dá para perceber algo de "psicologia" aí hein..rs
Muito bom mesmo!
Bjs

Denise disse...

Belo texto! Refletindo sobre ele, percebo que é fácil entender que a incompreensão é uma constante; o difícil é controlar a angústia que essa não-compreensão nos causa. Procuramos sempre entender as coisas, o mundo e a nós mesmos, encontrar um porto que nos dê segurança e abrigo. Mas a vida (e nós mesmos) não é assim. E haja psicologia pra tentar amenizar essa dor de ser! :)

Beijundassss