Veja o mundo por outras perspectivas

sábado, 27 de outubro de 2007

"A Ciência do Homem" - Argonautas do Pacífico Ocidental

O que me interessa realmente no estudo do nativo é sua visão das coisas, sua Weltanschauung, o sopro de vida e realidade que ele respira e pelo qual vive. Cada cultura humana dá a seus portadores uma visão do mundo definida, um certo gosto pela vida. Nas viagens pela história humana e pela superfície terrestre, é a possibilidade de ver a vida e o mundo de vários ângulos, peculiar a cada cultura, que sempre me encantou mais que tudo, e me despertou o desejo sincero de penetrar noutras culturas, compreender outros tipos de vida.
Deter-se por um momento diante de um fato singular e estranho; deleitar-se com ele e ver sua singularidade aparente; olhá-lo como uma curiosidade e colecioná-lo no museu da própria memória ou num anedotário – essa atitude sempre me foi estranha e repugnante. Algumas pessoas são tão incapazes de captar o significado íntimo e a realidade psicológica de tudo que, numa cultura diferente, é superficialmente estranho e incompreensível à primeira vista. Essas pessoas não nasceram para ser etnólogos. É no amor pela síntese final adquirida pela assimilação e compreensão de todos os itens de uma cultura e, ainda mais, no amor pela variedade e independência de várias culturas que está o teste do verdadeiro profissional da autêntica Ciência do Homem.
Há, porém, um ponto de vista mais profundo ainda e mais importante do que o desejo de experimentar uma variedade de modos humanos de vida, e que é o desejo de transformar tal conhecimento em sabedoria. Embora possamos, por um momento, entrar na alma de um selvagem e através de seus olhos ver o mundo exterior e sentir como ele deve sentir-se ao sentir-se ele mesmo – nosso objetivo final ainda é enriquecer e aprofundar nossa própria visão do mundo, compreender nossa própria natureza e refiná-la, intelectual e artisticamente. Ao captar a visão essencial dos outros, com a reverência e verdadeira compreensão que se deve mesmo aos selvagens, estamos contribuindo para alargar a nossa própria visão. Não podemos chegar à sabedoria final socrática de conhecer-nos a nós mesmos se nunca deixarmos os estreitos limites dos costumes, crenças e preconceitos em que todo homem nasceu. Nada nos pode ensinar melhor lição nesse assunto de máxima importância do que o hábito mental que nos permite tratar as crenças e valores de outro homem do seu próprio ponto de vista. E mais: nunca a humanidade civilizada precisou dessa tolerância mais do que agora, quando o preconceito, a má vontade e o desejo de vingança dividem as nações européias, quando todos os ideais estimados e reconhecidos como as mais altas conquistas da civilização, da ciência e da religião, são lançados ao vento. A Ciência do Homem, em sua versão mais refinada e profunda, deve levar-nos a um conhecimento assim, à tolerância e a generosidade, baseados na compreensão dos pontos de vista de outros homens.
O estudo da etnologia – tão frequentemente encarado por seus próprios discípulos como uma ociosa procura de curiosidades, por um passeio entre as formas selvagens e fantásticas de “costumes bárbaros e superstições cruéis” – pode tornar-se uma das disciplinas mais profundamente filosóficas, esclarecedoras e dignificantes da pesquisa científica. Infelizmente o tempo é curto para etnologia, e talvez esta verdade de seu real significado e importância não seja reconhecida antes que seja tarde demais.



MALINOWSKI por Tielli Lopes

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Renda Familiar


Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003, realizada pelo IBGE as despesas declaradas das famílias brasileiras estão em: moradia, alimentação e locomoção.

40% das famílias com rendimentos até R$ 758, 25, em 2003 possuíam despesa per capta de mais ou menos R$ 180,00; Enquanto as 10% mais ricas, com salário igual ou maior que R$ 3.875,78 tinham despesas per capta de R$ 1.800,00, ou seja, 10 vezes maior. A despesa mensal das famílias onde as pessoas eram brancas foi de R$ 2.262,24, o que é 25% superior à média nacional (R$ 1.794,32). Nas famílias onde o chefe era negro foi de R$ 1.245,09. Pardo R$ 1.232,62.

Falando sobre religião, o maior rendimento médio mensal foi apontado em famílias espíritas com R$ 3.796,00. Já o menor foi apontado em evangélicos pentecostais com R$ 1.271,00. O rendimento dos católicos apostólicos romanos correspondia a R$ 1.790,56.

Famílias tendo como responsáveis pessoas com 11 anos ou mais de estudo tinham renda mais elevada (R$ 3.796,00). Nas famílias com menos de um ano de instrução, a pesquisa mostra uma renda aproximadamente cinco vezes menor, sendo o valor de R$ 752,00. Famílias chefiadas por homens tiveram um rendimento mensal de 21% maior que as famílias chefiadas por mulheres. As famílias das áreas urbanas gastaram mais do que as rurais em todas as características investigadas.

Famílias unipessoais (uma só pessoa) compraram mais alimentos per capta (560,68 kg) do que casais sem filhos (509,04 kg), casais com filhos (324,53 kg). Os números indicam que pessoas que moram sozinhas adquirem mais alimento que o necessário.

Os medicamentos são 76% dos gastos com saúde nas famílias mais pobres (até R$ 400,00). Nas mais ricas este percentual foi de aproximadamente 23,7%.Em todo o país a compra de medicamentos foi feita em sua maior parte com pagamento à vista. Na região Nordeste, quase 13% dos medicamentos foram de aquisição gratuita através do Sistema Publico e 4,6% de medicamentos doados.

Tielli Lopes